segunda-feira, julho 22, 2024
Nacional

Cresce violência contra a mulher em Bauru

Registros de lesão corporal aumentam em 12% em relação a 2011

Por volta das 20h30 desta quinta-feira, o Samu foi acionado para atender uma ocorrência de atropelamento. A vítima era uma jovem de 20 anos atingida propositadamente pelo veículo de seu ex-namorado.

De acordo com o boletim de ocorrência, ambos estavam no interior do carro discutindo quando, durante a briga, a garota saiu e passou em frente ao automóvel. O ex-companheiro acelerou e atingiu a vítima, que foi levada ao Pronto Socorro Central pelo Samu com ferimentos leves.

Esse foi um dos quatro boletins de ocorrência por lesão corporal contra mulheres registrados no plantão policial entre a noite de quinta-feira e manhã de ontem. E se juntou a outros centenas de casos semelhantes. Somente de janeiro a junho, a Delegacia de Defesa da Mulher registrou 705 denúncias de agressão contra mulheres. Uma média de quase quatro crimes por dia.

Esse número é 11,9% maior do que no mesmo período do ano passado, quando a delegacia contabilizou 630 casos. Entre as ocorrências desta semana está a de uma dona de casa de 29 anos, moradora da Vila Nova Celina, socorrida por policiais do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) após ser espancada pelo ex-marido, um pedreiro de 36 anos.

Ela alega que essa não foi a primeira agressão e mostrou aos policiais boletins de ocorrência feitos contra ele e até uma decisão da 4ª Vara Criminal de Bauru impedindo que o homem se aproxime. Por conta disso, o agressor foi enquadrado na Lei Maria da Penha e preso sem direito a fiança.

Denúncia /A titular da Sebes (Secretaria de Bem Estar Social), Darlene Tendolo, diz que os dados estatísticos são perceptíveis no atendimento cotidiano, principalmente o crescimento da violência doméstica. “O número de mulheres procurando ajuda está, de fato, aumentando”. Ela afirma, entretanto, que isso necessariamente não significa que ocorre uma escalada de violência.

“As agressões sempre existiram. A diferença é que as mulheres estão mais encorajadas a denunciarem”. Além disso, houve mudanças na Lei Maria da Penha, permitindo que a denúncia seja feita por terceiros e não apenas pela vítima. Agora, a delegacia também pode prosseguir a apuração das agressões sem necessariamente esperar a vítima decidir pela representação.

 

Amparo / Em Bauru, a assistência às mulheres agredidas é feita pela Sebes, principalmente por meio do Centro de Referência. A pasta, em parceria com as polícias Civil e Militar e com a Defensoria Pública, promove ações de atendimento e recuperação psicológica das vítimas.

Além disso, a secretaria mantém a Casa Abrigo para Mulheres, com capacidade para até vinte vítimas de violência. “Lá oferecemos moradia e assistência completa para a mulher e seus filhos, que podem ficar por tempo indeterminado até encontrarem outro lugar”, afirma Darlene. Atualmente, cinco mulheres e quatro crianças estão abrigadas na entidade.

A Sebes também realiza monitoramento dos agressores. Atualmente, 18 homens estão sendo acompanhados por assistentes sociais e recebendo atendimento psicológico. “É necessário prestar assistência para o agressor, evitando que ele volte a agredir outras mulheres”, orienta Darlene.

 

 

 

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